"O povo gosta que os seus eleitos se lhes assemelhem, que tenham os sentimentos e as paixões populares.
Porém governar é uma arte e pressupõe uma ciência; mas, a representação do país, está reservada aos incompetentes, representação que tudo quer fazer e faz tudo mal, governando, administrando e espalhando a incompetência e a paixão no governo e na administração. Assiste-se hoje ao espectáculo de um povo governado por homens sem arte nem ciência, escolhidos precisamente por essas qualidades negativas."
"O culto da incompetência é como uma nódoa de azeite: propaga-se por contágio, sendo bastante natural que, sendo endémico, seja também epidémico, e que, encontrando-se no centro e núcleo do Estado, isto é, na constituição deste, se transmita e alastre nos hábitos e costumes do país."
Estas são afirmações de Émile Faguet, autor do livro O culto da incompetência, uma obra cuja leitura vos aconselho vivamente.
E não, não está a falar da situação política de hoje... é que este texto tem, imaginem... cerca de 100 anos. Sim. 100 anos!
Mas bastante actual. Infelizmente, não é?
4 comentários:
Há coisas que não mudam...
Por falar em livros e ideias que não se perdem com os tempos.....
Numa obra extraordinária que projecta no tempo um tempo futuro, que já era presente mas, que também, é passado e ao mesmo tempo presente...... de entre pormenores que não são deliciosos, mas que revelam uma mente livre e honesta, de onde se poderiam extrair excertos sem conta, transcrevo um...
..."A ortodoxia significa ausência de pensamento: ausência da necessidade de pensar. A ortodoxia é inconsciência."......
in George Orwell - mil novecentos e oitenta e quatro.
Luís Neto
Observador:
Infelizmente.
É como as críticas sociais e políticas do Eça de Queirós... actuais, sempre.
Luís Neto:
Gostei da frase que aqui nos deixa. Uma boa oportunidade para reflectir sobre essa "ausência de pensamento"...
Enviar um comentário