O
artigo de hoje é extenso. Ainda assim apenas se levanta aquela que é a “ponta
do véu” que esconde um conjunto de atos vergonhosos ao nível da gestão dos
recursos humanos que têm vindo a ser praticados ao longo de vários mandatos no
município de Almada (Câmara e Serviços Municipalizados). Muitas questões ficam
em aberto, outras nem sequer são abordadas por falta de tempo (ou porque
necessitam de informação complementar ainda não obtida). Dada a complexidade
dos assuntos em causa, e porque muito há a explicar, estou ciente de que
voltarei ao tema brevemente.
Após
a publicação do Decreto-Lei
n.º 305/2009, de 23 de outubro – REGIME DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DAS AUTARQUIAS LOCAIS – o
Município de Almada aprovou a macroestrutura da Câmara
Municipal e dos Serviços
Municipalizados, ambas publicadas no Diário
da República em dezembro de 2010.
Comecemos
por analisar o caso da Câmara Municipal.
Conjugando
a definição das unidades orgânicas acima referidas com a informação do mapa de
pessoal aprovado para 2011 ficamos a saber que existiam 93 cargos dirigentes no município: 4
Diretores Municipais (todos ocupados); 17 Diretores de Departamento (15
preenchidos e 5 vagos); 45 Chefes de Divisão (38 preenchidos e 7 vagos); 6
Dirigentes de 3.º grau e 21 Dirigentes de 4.º grau (27 no total todos por
ocupar).
«Ambos os documentos acima apresentados (refiro-me aos
Regulamentos de Organização dos Serviços Municipais) foram aprovados pela
Câmara e pela Assembleia Municipal de Almada. Todavia, ninguém percebeu que
quer um quer outro continha uma norma ilegal [restringir o acesso aos cargos de
direção intermédia de 3.º e 4.º grau apenas a funcionários dos serviços], o que não abona mesmo nada em favor da
qualidade do trabalho destes autarcas.
O que é muito grave, em particular no caso da Oposição que, mais
uma vez, não está a fazer o "trabalho de casa" como deve ser. Mas é,
também, muito preocupante se pensarmos que, tendo a CMA apoio jurídico, deixar
passar um erro desta natureza é incompetência a mais.
E agora? Vão ignorar esta chamada de atenção?... ou vão exigir a
indispensável alteração?
Até porque estando a decorrer, nos SMAS de Almada, vários
concursos para aqueles lugares de direção, os candidatos excluídos com base na
argumentação de que não pertenciam aos serviços, podem impugnar o respetivo
concurso (como se pode concluir pela leitura do Parecer da ATAM - Associação
dos Técnicos Administrativos Municipais que aqui disponibilizamos).»
Quando em
2013 o Município apresentou a nova macroestrutura (para dar
cumprimento à obrigação imposta pela Lei n.º 49/2012, de 29 de agosto) ainda
pensei que iriam corrigir aquela inconformidade legal, mas nada foi feito. E
mais uma vez tudo foi aprovado, com a agravante de ter o aval expresso da
consultora jurídica Helena Serrano o que terá induzido a conivência passiva dos
autarcas (do executivo e da assembleia municipal) fiados, supostamente, naquele
“parecer” que garantia que o texto da proposta estava conforme a lei.
Evidência
da falta de profissionalismo dos técnicos, por um lado, e da desatenção dos
políticos por outro, é o facto de a proposta
aprovada pela Câmara e depois pela Assembleia Municipal, além de manter a ilegalidade atrás
referida, apresentar falhas graves que ninguém terá reparado (nem a alegada
“consultora jurídica”: como a do artigo 1.º do Anexo I que “fez desaparecer” um
departamento (o n.º 7 – Direção Municipal de Desenvolvimento Social). Aquando
da publicação no
DR
esse lapso foi corrigido, todavia “esqueceram-se” de descrever as respetivas
competências apesar de, no entanto, no Anexo II identificarem as Divisões que o
integram.
No
ponto n.º 1 da proposta é dito que “por obediência ao princípio da legalidade
que não desobriga ao cumprimento da atual lei” 49/2012, a redução seria de 55%
dos cargos dirigentes (68 em concreto).
Na
falta do de 2014, consultemos o mapa de
pessoal de 2015 para aferir que reduções terão sido essas: de 93 para 87 cargos
dirigentes (apenas menos seis!!). E agora a estrutura conta com: os mesmos 4
Diretores Municipais (ocupados); 21 Diretores de Departamento (os anteriores 17
lugares, já preenchidos, e mais quatro ainda vagos); 54 Chefes de Divisão (mais
nove do que na anterior estrutura: 41 ocupados e 13 por preencher); 8
dirigentes de 3.º grau (mais dois, sendo que apenas dois estão ocupados) e
desaparecem os dirigentes de 4.º grau (21 lugares).
Ao
que parece ninguém se terá apercebido destas inconsistências (tal como não
tinham reparado nas outras desconformidades identificadas). E os orçamentos do
município (incluindo os mapas de pessoal), embora não respeitassem os termos da
proposta aprovada foi sendo sucessivamente aprovado o que denota o desrespeito
pelo funcionamento dos órgãos autárquicos e um confrangedor desinteresse dos
autarcas de todas as forças políticas (do executivo e do deliberativo), pelo
cumprimento das normas legais.
Naquele
mesmo ano (2015) é publicada
uma nova alteração à macroestrutura do município: a 3.ª no curto espaço de quatro
anos. E, finalmente, é alterada a redação do artigo 4.º corrigindo a
ilegalidade anterior que limitava o acesso aos cargos dirigentes de 3.º e 4.º grau
aos trabalhadores dos serviços, abrindo essa hipótese a funcionários da
Administração Pública em geral. Entretanto, “recuperam-se” alguns dos
departamentos e divisões “perdidos”, embora se anulem outros.
Olhando
agora para o mapa de
pessoal de 2016 quantos são os dirigentes da Câmara Municipal? Passámos dos
anteriores 87 para 73 (uma redução superior à anterior) ficando a estrutura
com: 4 Diretores de Departamento (todos ocupados); 18 Diretores de Departamento
(17 ocupados e um vago); 42 chefes de divisão (40 já preenchidos e dois por
ocupar) e 9 Dirigentes de 3.º grau (com apenas um ocupado).
E
por mais incrível que possa parecer, em 2016
voltamos a ter mais uma alteração (a 4.ª) à macroestrutura da Câmara, o que denota impreparação dos
serviços e/ou inconsistência das orientações estratégicas ao nível da política
de gestão de recursos humanos.
Olhemos,
então, para os reflexos no mapa de
pessoal de 2017: 4 Diretores de Departamento (todos ocupados); 18 Diretores de
Departamento (todos ocupados); 42 chefes de divisão (40 já preenchidos e dois
por ocupar) e 10 Dirigentes de 3.º grau (6 ocupados e quatro vagos).
Antes
de prosseguir, não posso deixar de recuar uns anos para recordar as
conclusões da auditoria realizada em 2005-2006 pela então IGAT e que
declarou que catorze despachos de nomeação para cargos dirigentes do município
de Almada estavam “feridos do vício de violação de lei,
gerador de anulabilidade”.
A
seguir vamos analisar alguns destes casos, cujos despachos de nomeação foram
considerados ilegais, pois servem também para demonstrar a existência da
estrutura orgânica paralela que aparece taxativamente referida no ponto n.º 2
da proposta da
câmara aprovada na reunião de 10-12-2012.
Ana de Lurdes Martins Coelho, Diretora do Departamento de
Administração e Finanças. Sem que se conheça a abertura de novo procedimento
concursal nem outro despacho de nomeação posterior com a publicação do
currículo da nomeada, em 2009 é-lhe
renovada a comissão de serviço, três anos mais tarde (em 2012) a mesma volta a ser renovada assim como o é de novo em 2015. Todavia, no
organograma da CMA (2018) quem aparece como responsável por este departamento é
o Dr. Pedro Filipe (em acumulação como o cargo de Diretor Municipal da Direção
de Administração Geral e Finanças).
A
estrutura aprovada pela câmara (e depois pela assembleia municipal) e que,
supostamente, deveria
corresponder àquela que foi publicada no Diário
da República (mas que não é exata) não contempla este departamento pelo que
nos termos do n.º 7 do artigo 25.º da Lei n.º 49/2012, de 29 de agosto, estando
a comissão de serviço a decorrer aquando da publicação daquele diploma a mesma
poderia ir até ao fim, mas apenas isso. Todavia, em 2015 a mesma voltou a ser
renovada ainda antes da publicação oficial da alteração à macroestrutura que
reporia o departamento em causa na orgânica dos serviços (o despacho de
renovação é de 25-02-2015 e o aviso no DR é de 09-03-2015). Ah, mas a aprovação
pela câmara ocorreu em 18-02-2015. Pois é, mas carecia ainda da aprovação
formal pela assembleia municipal que só viria a acontecer em 27-02-2015. E não
esqueçamos que o despacho inicial foi considerado pela IGAT “ferido do
vício de violação de lei, gerador de anulabilidade”.
Amélia de Jesus Pardal, Diretora do Departamento da Cultura. Todavia, sem
que se conheça o respetivo procedimento concursal, o despacho de nomeação e a
publicação da nota curricular, em 2009 é publicada a renovação da comissão de serviço. A partir daí o
percurso é político, passando a vereadora da CDU com funções executivas até ao
mandato anterior e sem pelouro no mandato 2017-2021. Entretanto foi nomeada em
regime de substituição para o cargo de Diretora de Obras Municipais da Câmara
Municipal de Loures, conforme já aqui noticiámos.
Georgina das Dores Guerreiro Rodrigues Doroteia, Diretora do
Departamento Municipal de Trânsito, Rede Viária e Manutenção. Tal como nos
casos anteriores, deu-se por válida a nomeação inicial e em 2009 a comissão de serviço foi renovada, voltando a sê-lo em 2012. Não existe informação a partir desta data.
Carlos Manuel Saraiva Dias, Diretor do
Departamento de Administração Urbanística. Apesar do vício do despacho inicial,
a comissão de serviço foi-lhe renovada em 2009 como se tivessem sido cumpridos todos os requisitos legais. Mas,
à semelhança dos outros dirigentes, não se conhece a nomeação inicial nem a
publicação da nota curricular do nomeado. E em 2012, de novo. Por último temos a renovação ocorrida em 2015. E segundo a
informação agregada ao organograma
da CMA de 2018 mantém-se ainda em funções.
O
Departamento de Administração Urbanística é outro dos que “desapareceu” da
estrutura orgânica publicada em 2013. Consequentemente, a comissão de serviço
do titular do cargo poderia ir até ao seu termo (conforme o n.º 7 do artigo
25.º da Lei n.º 49/2012), tão só e apenas. Isso não impediu, contudo, uma nova
renovação autorizada em 02-03-2015 (mas só publicada, estranhamente, em
11-12-2015) supostamente tendo por base a “reposição” daquele departamento na
macroestrutura publicada em 2015.
Convém
lembrar que, além de se desconhecer se foram cumpridos os requisitos que
resultam da conjugação do n.º 2 e do n.º 3 do artigo 23.º da Lei n.º 2/2001
(aplicada às autarquias locais pela Lei n.º 49/2012), o despacho da nomeação
inicial foi considerado pela IGAT “ferido do
vício de violação de lei, gerador de anulabilidade”.
Quanto
às Chefes de Divisão da Gestão Urbanística 1, 2 e 4 – Ana Pereira Caiado
Lousa, Maria Margarida Lopes
Costa Gonçalves Afonso e Anabela dos
Santos Fernandes de Vasconcelos, respetivamente – a ilegalidade do despacho
inicial não impediu que vissem as respetivas comissões de serviço renovadas em 2009. Que se
saiba, apenas a primeira se mantém em funções até ao presente, conforme consta
do organograma
da CMA de 2018, logo, terão havido sucessivas renovações da respetiva comissão
de serviço.
A
Chefe da Divisão Municipal de Educação, Ana Paula dos Santos Gameiro
Sena Rêgo, viu a comissão de serviço, para a qual fora nomeada em
2006 de forma ilícita segundo a IGAT, renovada em 2009, de novo em 2012 e mais uma vez em 2015. Finalmente
em 2016, após realização de concurso, é nomeada para ocupar o lugar de Diretora do Departamento de
Intervenção Social e Habitação, lugar que ocupa no presente (2018).
Maria de Fátima Belo da Costa, nomeada de forma irregular em
2006 como Chefe da Divisão de Atividades Económicas e Serviços Urbanos, segundo
a IGAT, vê a comissão de serviço renovada em 2009, em 2012 e em 2015. Em 2016 é
nomeada em regime de substituição como Chefe da Divisão Administrativa, cargo que cessou
ainda nesse mesmo ano.
Quanto
ao Chefe da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária, Jorge Manuel Aleixo Chaves, também nomeado em 2006 no lugar sem
estarem cumpridos os preceitos a que a lei obrigava, foi-lhe renovada a
comissão de serviço em 2009 e em 2012. Nada mais se sabe a partir dessa data.
Finalmente,
quanto a Catarina de Freitas, protegida da anterior
presidente da Câmara Maria Emília (um caso por mim
denunciado em 2010), e que a inspeção da IGAT veio a considerar o mais gravoso de
todos os assinalados especificando nas conclusões que “os agentes que autorizaram os pagamentos correspondentes ao desempenho
de cargo dirigente incorrem em responsabilidade financeira reintegratória”,
continua em exercício de funções até ao presente como Diretora do Departamento
de Energia, Clima, Ambiente e Mobilidade conforme consta do organograma
dos serviços municipais de 2018. Um caso que é um verdadeiro escândalo!
Apesar
das múltiplas ilegalidades
detetadas pela IGAT, em 2008 Catarina de Freitas teve a comissão de serviço como
Diretora do Departamento de Estratégia e Gestão Ambiental Sustentável renovada, por mais três anos. E nova renovação foi-lhe
concedida em 2011. Ainda outra
renovação em
2014.
Até
que, surpresa: Catarina de Freitas é nomeada em comissão de serviço,
alegadamente após concurso, para o cargo de Diretora do Departamento de
Energia, Clima, Ambiente e Mobilidade (onde se mantém até ao presente) com efeitos a partir de 01-01-2016.
E
digo alegadamente após concurso (repito) porque, na prática, como seria de
esperar, o referido procedimento de seleção não passou de uma espécie de “ajuste direto”.
Para
o efeito basta ver, por exemplo, a composição do júri.
Presidente:
Eng.º Carlos
Marques, Diretor Municipal da Direção Municipal de Ambiente, Mobilidade,
Energia e Valorização Urbana da Câmara Municipal de Almada;
Vogal
efetivo: Arq.º Veríssimo
Paulo,
Diretor Municipal da Direção Municipal de Obras, Planeamento, Administração do
Território e Desenvolvimento Económico da Câmara Municipal de Almada;
Vogal
efetivo: Eng.º José Charneira, Diretor do Departamento de Ambiente e Serviços
Urbanos da Câmara Municipal do Seixal;
Vogais
suplentes: Eng.º Manuel Larangeira, Diretor do Departamento de Obras Municipais
da Câmara Municipal de Almada e Eng.ª Olinda Martins, Diretora do Departamento
de Salubridade e Espaços Verdes, em regime de substituição, da Câmara Municipal
de Almada.
Se
o presidente chegou à Câmara de Almada em 2015, o primeiro vogal efetivo (o
arq.º Veríssimo Paulo) é já um “velho conhecido”: embora não tenhamos
encontrado a nomeação inicial, conseguimos cópia do aviso da renovação da comissão de serviço em 2009 (à época Diretor
do Municipal de Planeamento e Administração do Território). Ou seja, está na
CMA pelo menos desde 2006.
Não
sabemos se houve deliberação da Assembleia Municipal (sob proposta da câmara) a
aprovar a composição deste júri, como assim o obriga o n.º 1 do artigo 13.º da
Lei n.º 49/2012, de 29 de gosto.
E
não está em causa o mérito profissional das pessoas em causa, muito menos a sua
credibilidade e integridade pessoal (que o n.º 2 exige).
Mas
sendo o presidente e um dos vogais efetivos colegas da candidata na mesma
autarquia (um deles há pelo menos dez anos) e mesmo que não fossem conhecedores
do seu percurso profissional no município como protegida da administração
(leia-se favorecida pela presidência) há quase duas décadas, as dúvidas sobre a
sua isenção e imparcialidade são mais do que legítimas.
Por
último não posso deixar de referir o disposto no n.º 4 do artigo 25.º da Lei
n.º 49/2012:
«É admitida a faculdade de uma renovação das comissões de serviço,
com exceção das respeitantes aos diretores municipais e cargos legalmente
equiparados…»
Isto
é, quando aquele diploma entrou em vigor, as comissões de serviço dos quatro
Diretores Municipais da CMA tinham acabado de ser renovadas no final do ano anterior. Portanto,
não poderiam ser renovadas. Vejamos dois casos concretos:
Pelas
respetivas notas curriculares ficamos a saber que, em ambos os casos, aqueles
técnicos ocupam os respetivos lugares desde janeiro de 2006. Em 2018 já lá vão
12 anos no cargo. E se a respetiva comissão de serviço for até ao seu termo
acabarão com 14 anos consecutivos nesse lugar embora a lei diga que:
«A duração da comissão de serviço e da respetiva renovação não
pode exceder, na globalidade, 10 anos consecutivos, não podendo o dirigente ser
provido no mesmo cargo do respetivo serviço antes de decorridos cinco anos» (artigo 11.º
da Lei n.º 49/2012).
Se
o anterior executivo se mantivesse em funções estou convicta que em 2020
haveria renovação das comissões de serviço por mais cinco anos pois muito provavelmente
contariam aquele prazo a partir do concurso de 2015. E lá teríamos dirigentes
quase duas décadas a ocupar o mesmo cargo (a não ser que a reforma se lhes atravessasse
pelo meio).
Passemos
agora ao caso dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Almada cuja macroestrutura
aprovada em 2010 previa, além da figura do Diretor Delegado (equiparado a
dirigente superior), seis departamentos e padecia do mesmo erro assinalado para
a Câmara Municipal (uma norma excludente anticonstitucional por restringir o
acesso aos cargos de direção intermédia de 3.º e 4.º grau apenas a trabalhadores
dos serviços).
As
informações disponíveis online, ao contrário do município, são escassas. Socorremo-nos,
portanto, da proposta
aprovada pelos órgãos autárquicos em 10-12-2012 já
anteriormente aqui referida, do organograma
correspondente, do mapa de
pessoal de 2012 e do mapa de 2016 que nos
fizeram chegar.
Apenas
encontrámos uma redefinição
orgânica publicada em 2015, mas que mantém os mesmos departamentos, e a mais recente
em 2017 que procedeu a uma alteração do artigo 5.º e criou a Divisão de
Assessoria, Comunicação e Imagem extinguindo o anterior gabinete com o mesmo
nome, e a Equipa Multidisciplinar de “Compromisso Social e Ambiental”.
Temos
ainda o organograma
de 2017 e o Mapa de
Pessoal de 2018. E pegando nestes dois documentos verificamos que, no presente, existem
nos SMAS 27 cargos dirigentes (26 preenchidos e um vago): um Diretor-delegado; seis
Diretores de Departamento (situação
idêntica à de 2010); 18 Chefes de Divisão e dois Chefes de Equipas
Multidisciplinares.
No
entanto é de lembrar que mercê da publicação da Lei n.º 49/2012, e nos termos da
proposta
aprovada pela câmara em 10-12-2012 (já aqui referida inúmeras vezes), os SMAS passaram a ter apenas
quatro departamentos. O que não impediu os responsáveis políticos de continuar
a renovar as comissões de serviços dos dirigentes (diretores e chefes de
divisão) dos departamentos anulados no palco oficial (mas mantidos em paralelo,
na sombra) como adiante demonstraremos com alguns exemplos.
Comecemos
por Ramiro Cipriano Rosado Norberto
(uma personagem sobre quem já
escrevi há uns anos) e que me chegou a ameaçar numa reunião pública da Assembleia
Municipal.
Após
cinco nomeações consecutivas (a primeira em 2000 e a última em 2002) em regime
de substituição, por seis meses, quatro vezes como Diretor do Departamento de
Exploração e uma como Diretor do Departamento de Redes de Água e Esgotos (dois
anos e meio nesta situação sem que entretanto tenha sido aberto concurso para
provimento do lugar é obra, mas os despachos
publicados no Diário da República aí
estão para confirmar os factos) é finalmente nomeado em comissão de serviço em 2004 para aquele
último lugar – pelo meio há um período de tempo sobre o qual nada se sabe (ano
de 2003 e três meses do ano seguinte) embora se desconheça qual foi o
procedimento concursal e não se encontre a publicação da respetiva nota
curricular.
Em 2007, aquela
comissão de serviço é renovada por mais três anos, voltando a sê-lo no ano de 2010 e depois em 2013 pela terceira vez consecutiva.
Acontece,
porém, que entre 2010 e 2013, os SMAS
fizeram aprovar uma macroestrutura que deixou de contemplar o Departamento de Redes de Água e
Esgotos, pelo que aquele último despacho (de 2013) apresenta-nos um facto
insólito: procede à renovação da comissão de serviço como Diretor do Departamento
de Gestão de Redes de Água, Drenagem e Logística, um cargo para o qual Ramiro Norberto
nunca fora sequer nomeado. Ou seja, sem concurso, fizeram-lhe uma espécie de “upgrade funcional” e deram por contínuo
o exercício de funções anteriores como se a nomeação para aquele cargo tivesse
ocorrido ainda antes do departamento ter sido criado. E esta hem?
Estranhamente,
embora saibamos que Ramiro Norberto ainda se mantém em funções no presente,
tendo a 3.ª renovação terminado em 2016, não encontrámos mais nenhum aviso
publicado no Diário da República.
Passemos
agora ao caso de Carlos Manuel Guerreiro
Lima, nomeado em
2017,
Chefe da Divisão de Gestão de Redes de Drenagem.
Pela
leitura da nota curricular anexa ao despacho de nomeação acima referido,
ficamos a saber que Carlos Lima exerceu funções como Chefe de Divisão de
Empreitadas e Urbanizações nos SMAS de Almada entre 2005 e 2016. Estranhamente a
nomeação para aquele lugar é apenas de 2009. A ser verdade que exercia desde 2005, seria em regime de
substituição (não é o primeiro dirigente a estar anos com renovações sucessivas
de seis em seis meses), mas então onde estão os avisos publicados no Diário da República?
Contudo,
a questão é mais complexa, porque entre 2012 e 2015 o departamento no qual se
integrava a divisão em causa não existia tendo apenas voltado a constar da
estrutura orgânica dos serviços em 2016, conforme o
respetivo mapa de pessoal confirma.
Tal
como fizeram na câmara, em vez de apenas permitirem a continuidade da comissão
de serviço até ao seu termo caso estivesse em curso aquando da entrada em vigor
da Lei n.º 49/2012, optaram por fazer mais uma renovação para um lugar
inexistente.
Vamos
agora analisar o caso de Carlos Manuel
Cavaco de Sousa (sobrinho da
ex-presidente da CMA Maria Emília e primo de Alexandra
Neto de Sousa, também dirigente dos SMAS e de quem já aqui falei inúmeras vezes
denunciando a forma irregular como forma nomeados nos cargos que ocupam).
Não
vou ocupar tempo com a descrição do seu percurso nos SMAS anterior a 2004 (o
qual pode ser consultado AQUI).
Centremo-nos nas ocorrências após a renovação da comissão de serviço efetuada em 2007 como diretor
do Departamento Municipal de Produção e Controlo da Qualidade da Água (cargo para o
qual fora nomeado em 2004) embora a nota
curricular anexa ao despacho como diretor-delegado diga que desempenhou este
cargo desde 2002. Mentir sobre um pormenor destes para quê?
A
comissão como diretor municipal ainda lhe é renovada uma segunda vez em 2010 e presume-se que também o tenha
sido em 2013 pelo teor da nota curricular anexa à sua nomeação em 2015 como Diretor
Delegado, após realização de concurso público, cargo que
ocupa até ao presente.
Muitos
mais casos haveria para denunciar. Mas como o tempo urge, fico-me por este que,
julgo, serão suficientes. E, se for caso, disso, voltarei ao tema denunciando
outros que por ventura venha a conhecer e a coligir provas.
Para
concluir, algumas notas à margem de uma necessária (urgente e fundamental)
investigação detalhada à organização dos serviços municipais (CMA e SMAS) e,
sobretudo, à forma como os dirigentes foram sendo nomeados para os respetivos
cargos (e, já agora, incluir também a verificação das ligações dos membros do
júri aos candidatos aprovados e a confirmação da informação curricular dos
nomeados):
Apesar
da obrigatoriedade de realizar concurso, na CMA e nos SMAS sempre foi entendido
que os diretores municipais (e alguns diretores de departamento e chefes de
divisão) seriam cargos de confiança política. E não temos quaisquer dúvidas,
mais não fosse pela eternização no poder a que não são alheias as ligações
familiares e partidárias de alguns deles. Assim sendo, não é de esperar que
estes dirigentes venham agora a ser igualmente “fiéis” aos novos “patrões”,
antes pelo contrário (o mais provável é continuarem “obedientes” aos autarcas
do anterior executivo). Não tendo tido nenhum deles a hombridade de colocar o
lugar à disposição (quatro na câmara e um nos serviços municipalizados), julgo
seria do mais elementar bom senso fazer cessar as respetivas comissões
mantendo-se apenas em gestão corrente até à substituição nos termos da lei.
À
exceção dos diretores municipais na CM e do diretor-delegado nos SMAS, que
apenas podem ocupar o lugar no máximo 10 anos consecutivos (n.º 4 do artigo
11.º da Lei n.º 49/2012, de 29 de agosto), os restantes dirigentes não têm
limite de renovações determinado podendo eternizar-se no respetivo lugar. Em
Almada é precisamente isso que acontece (não com todos, mas apenas com alguns
como aqui deixámos exemplificado).
Essas
circunstâncias (dirigentes com ligações familiares e/ou partidárias a membros
do anterior executivo e a eternização no lugar, nalguns casos mais de duas
décadas), acabam por potenciar a sedimentação de uma rede de múltiplas influências,
cumplicidades de conveniência e permissividades diversas, comportamentos que podem
ser (e muitas vezes são-no) contrários às boas práticas da transparência e da
legalidade podendo mesmo vir a constituir-se como um risco elevado no que se
refere à corrução onde cada um sabe dos “podres” do vizinho e todos calam para
que não se descubram os próprios segredos. Podem até ser todos(as) muito sérios(as)
mas a dúvida permanece. E isso mina a confiança dos munícipes nos visados, mas
também nas instituições que representam, o que é muito mau porque pode pôr em
perigo a própria Democracia e o Estado de direito.
O
caso de Catarina de Freitas é particularmente chocante. Apesar de o seu
percurso na CMA ser de descarado favorecimento desde que entrou ao serviço
(como facilmente se conclui pelo relatório da
IGAT de 2006) – é bom lembrar que os inspetores concluíram que a gravidade dos
atos praticados era tal que “os agentes que autorizaram os pagamentos
correspondentes ao desempenho de cargo dirigente incorrem em responsabilidade
financeira reintegratória” – os sucessivos responsáveis políticos pelo pelouro
dos recursos humanos continuaram sempre a renovar-lhe a comissão de serviço.
Pelo
cargo de diretora de departamento Catarina de Freitas aufere a remuneração
mensal ilíquida de 2.987,25€ e ainda 311,21€ de despesas de representação. Num
ano são 46.178,44€ e só na última década foram 461.784,44€, quantia autorizada
sem o devido suporte legal. Agora a esta quantia juntem os vencimentos dos
outros casos aqui denunciados (a que se juntarão muitos outros que não
referimos por não termos ainda provas concretas) e imaginem o valor global que
está em causa. E questionem-se se as “boas contas” que a CDU hasteia ufana são
mesmo aquilo que parecem.
Face
ao exposto, é óbvio que não poderíamos deixar de apresentar denúncia à
Inspeção-geral de Finanças, ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público
(porque, eu não ameaço: cumpro! informo que as queixas já seguiram). Embora
descrente na eficácia da nossa Justiça (o que aconteceu depois da inspeção da
IGAT em 2006 ter concluído que mais de uma dezena de despachos de nomeação para
cargos dirigentes padeciam do vício de violação de lei gerador de anulabilidade?
E no caso de Catarina de Freitas com responsabilidade financeira
reintegratória? Decorridos 12 anos não aconteceu NADA!) esta não pode deixar de
ser a atitude correta a assumir.
A
terminar, uma pequena referência ao artigo que o deputado
municipal da CDU José Lourenço escreveu no passado dia 3 de maio intitulado “Notícias
de Almada, seis meses depois”, apenas para destacar
uma afirmação relacionada com o tema hoje em apreço (muito mais haveria para
desmontar naquele texto, mas ficará para uma próxima oportunidade mais breve do
que possam pensar): referindo-se ao atual executivo e na listagem daquelas que
designa por “malfeitorias” inclui “a forma como estão a tratar chefias atuais
do Município ignorando-as, desrespeitando-as nas suas funções e
ameaçando-as com o seu afastamento, logo que consigam efetuar a reorganização
estrutural. Percebemos todos que o atua Executivo PS/PSD em Almada criou já no
pouco tempo que tem de gestão, um clima de intimidação e verdadeira caça à
bruxas entre os trabalhadores do município e está apostado em apagar o mais
rapidamente possível os bons sinais da gestão CDU em Almada ao longo das últimas
décadas.”
É
preciso não ter vergonha nenhuma na cara! Depois dos exemplos que aqui vos deixo,
de que lado acham que está a razão? E fico muito satisfeita em saber que o
atual executivo está a pensar fazer uma reorganização dos serviços municipais (que
espero abranja também os SMAS). Que seja uma reforma a sério, pensada,
estruturada e que se dê início aos procedimentos adequados, isentos,
transparentes e nos termos da lei, para ocupação dos cargos dirigentes que
venham a ser considerados necessários. Que vençam os melhores!
E
que se acabe de vez com esta espécie de caciques locais em que se transformaram
alguns destes dirigentes mercê dos muitos anos consecutivos a ocupar o mesmo cargo
ao ponto de pensarem que era vitalício.
12 comentários:
Pardal a BOSS da incopetencia - Carlos Dias Ana Lousa Armando da Biblioteca o Carneiro a Vanda Piteira - Gameiro de loures, Cardeira de loures. 3500 aereos mais 600 de representação. tudo boa jente de esquerda
Se era ilegal pode haver denunia entidades competentes era o certo para esta e outra gente aprender.
Conforme escrevi no artigo:
«Face ao exposto, é óbvio que não poderíamos deixar de apresentar denúncia à Inspeção-geral de Finanças, ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público (porque, eu não ameaço: cumpro! informo que as queixas já seguiram).»
Agora resta-nos aguardar desenvolvimentos futuros.
Muito bem Minda !
A que denunciar estes casos !
Só espero que mantenha as denuncias com esta nova presidência, mas concreto o caso doas MANOS nos SMAS e o resto do "JOB FOR THE BOY'S".
Manos nos SMAS? na Câmara são familias inteiras. Por isso algumas matrafonas ficaram há quando ganhou a Inês, medo de se acabar o taxo que tiveram durante anos.
...ficaram a estrabuchar quando ganhou a INês...
Zé Gonçalves tirou o secundário na cooperativa do leranejrio, doi tirar o curso na UAl, meteu se na lista do pcp, vereador (carro, 3800+representação)
A pardala, tirou licenciatura de historia nem professora foi inscreveu no PCp,chfe de divisão directora. vereadora (3800+carro+600 de representação). não sabe falar e intriguista de primeira categoria. agora borrifou almada e foi ganhar 4000 em loures.
o vereador Rui Jorge esse nem curso tirou,esteve como vereador 4 mandatos. nehum operario gostava da criatura
acho muito bem que a ines acabe com os tachos de todos apoio a 100 % agor que não crie novs
como se ve acaba-se um tacho encontra-se logo NOVOS TACHOS, não sejam tapados.
Não pensem que so porque a CDU perdeu que não vai haver tachos
O probelma do pais e mesmo esse, saem uns acaba-se os tachos, entram outros entram outros tachos, nunca é por mérito e por conhecimentos (CUNHA), sejam eles CDU, PS, PSD , CDS, BE são todos iguais.
Ou acham quem entrar para a camara e smas, não vai ter tacho ou não e por cunha, todos felizes e contentes que acabaram com os tachos da CDU e agora não vai haver tachos com PS/PSD ?!?
JOB FOR THE BOY's
E os novos avençados, já foi ver?
já agora investigue as famílias sonantes dos mesmos!
D. Minda, peço-lhe que dedique um pouco do seu tempo, quando tiver disponibilidade, para investigar a quantidade de avençados que entraram até agora e os valores gastos e quem são.
E já agora porque não há viaturas ligeiras disponíveis para os serviços, dado que estão todos os nomeados com carros da CMA para uso pessoal, férias incluidas.
Quando tiver tempo, claro.
investigue-se o cantor Samuel, de seu nome Samuel Quedas, e quanto gastou a CMA em CD's do menino... vai agora cantar à festa da amizade... E porque raio é que a Festa da Amizade, que se julgava moribunda, vai ser este ano na Rua Capitão Leitão? Isto traz água no bico
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