Recebi ontem, vindo de terras d'além mar (do Brasil, mais precisamente) este convite do meu amigo Ricardo. Segui a sua sugestão e gostei imenso desta exposição: não só pelos trabalhos apresentados mas, sobretudo, pela mensagem que as fotografias e as palavras da autora encerram. Por isso, aqui vos deixo o mesmo convite:
«Envio o endereço da exposição fotográfica virtual POSTES HUMANOS.
A exposição é uma crítica ao que tornaram-se as eleições nesse mundo neo-liberal: em vez de troca e discussão de idéias, transformaram-se apenas mais um negócio.
http://www.michellegloria.com.br/postes/expostes.htm
Ao clicar em exposição aparecem as fotos. Demora um pouquinho para carregar.
A autora, Michelle Glória é uma jovem fotógrafa carioca que tem muito futuro pela frente.
Um abraço,
Ricardo Ruiz»
A exposição é uma crítica ao que tornaram-se as eleições nesse mundo neo-liberal: em vez de troca e discussão de idéias, transformaram-se apenas mais um negócio.
http://www.michellegloria.com.br/postes/expostes.htm
Ao clicar em exposição aparecem as fotos. Demora um pouquinho para carregar.
A autora, Michelle Glória é uma jovem fotógrafa carioca que tem muito futuro pela frente.
Um abraço,
Ricardo Ruiz»
Postes Humanos
Rio, 29/11/2006
Rio, 29/11/2006
«A primeira vez que me deparei com a cena de uma pessoa apática, na esquina da minha casa, segurando a placa de um candidato, imóvel como uma estátua, senti um estranho desconforto. Lembrei da mini-reforma eleitoral, a Lei n.º 11.300/2006, que proibiu a fixação de placas em postes de iluminação pública. Pensei: “Seguradores de placa?! No lugar de postes públicos, postes humanos? Mais um jeitinho criativo do brasileiro de afastar o alcance da norma?
Ao conversar, confirmei a suspeita. A pessoa não estava ali por opção política, em nome de um ideal, mas sim por uma questão de sobrevivência (!). Um trabalhador. Inclusive, amparado pela legislação previdenciária.
As condições precárias de trabalho destas pessoas, o desinteresse e a descrença que se abateram sobre a política brasileira, a ausência da militância vibrante nas ruas, das manifestações populares espontâneas, da juventude lutando por um mundo melhor, motivaram-me a fazer esta documentação fotográfica. O cenário foi a Orla de Copacabana.
Minha busca no ato fotográfico foi tentar capturar numa fração de segundos um instante de desalento, indiferença... Congelar imagens que simbolizassem o momento político. Fazendo uma ponte entre a cena urbana e o sentimento nacional. Minha busca foi eternizar no tempo e no espaço a desesperança, a apatia, a incredulidade que invadiram corações e mentes nas eleições de 2006. Servindo de suporte à reflexão e memória brasileira.
Desejei também desvelar as faces incógnitas por detrás das placas. Descortinar os semblantes destes trabalhadores, na tentativa de desvendar o que podem estar querendo dizer...
Este pequenino ensaio fotográfico representa ainda uma crítica ao marketing eleitoral. O que um rosto sorridente contribui para a escolha de um voto consciente? É o fetiche da publicidade eleitoral e do poderio econômico atuando na formação da decisão do eleitor.
Minha intenção primordial é fomentar o debate nacional sobre a premente reforma política, com o intuito de aprovar novas regras que levem a um sistema representativo que permita eleger políticos nascidos do povo, comprometidos só com os ideais de justiça e igualdade social!
Michelle Glória»
Dá que pensar, hem?
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