terça-feira, 17 de abril de 2007

A "filosofia da calma"

Ontem, quando chegámos a casa, regressados do trabalho (para onde vamos utilizando os transportes públicos), lá estava mais uma "advertênciazinha" da ECALMA no pára-brisas do carro (a terceira no espaço de menos de um mês), que se encontrava estacionado no parque em frente do prédio.

Este local, todavia, desde que começaram as obras do MST, passou a ser destinado, exclusivamente (?) a visitantes (por escala horária), o que, numa zona onde os residentes já tinham poucos lugares, só veio causar mais problemas.

A juntar-se a este facto, temos que a ECALMA ainda não entregou os cartões de residente pedidos há dois meses, o que obriga os automobilistas a deixarem, em local bem visível no tablier do veículo, uma cópia do impresso para que a fiscalização perceba que, afinal, são moradores (como era o caso). Atitude que, pelos vistos, de nada serve, o que é indecente.

Reduzem os lugares para residentes em 50%, não entregam os cartões atempadamente, dão mais importância aos visitantes (nunca vi advertências nos carros de visitantes estacionados nos lugares dos residentes), armam-se em moralizadores (veja-se o conteúdo dos talões) e, ainda por cima, cadastram informações dos automobilistas numa base de dados não autorizada pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (entre outras irregularidades cometidas pela empresa, com a conivência da Câmara Municipal e a passividade da Junta de Freguesia), o que já levou diversos moradores a reclamarem (eu própria já fui prestar declarações à CNPD, em 21-03-07, na sequência da queixa apresentada em 31-01-07), com o objectivo de arrecadar receitas através da aplicação de multas (veja-se as declarações do administrador da ECALMA a seguir transcritas).

«Em declarações hoje [09-06-2006] à Lusa, Nuno Santos Silva, administrador da Ecalma – Empresa Municipal de Estacionamento e Circulação de Almada, referiu que a maioria das infracções são de estacionamento (…). A partir de Outubro, os fiscais passarão também a anotar as matrículas dos veículos que estão mal estacionados. Caso a infracção se repita várias vezes, os seus proprietários serão depois multados.», in RTP on-line.
E, leiam a explicação sobre o "papel moralizador" da ECALMA:

«Félix Simões admite que o “problema não se resolverá só pela pedagogia”, mas é preciso antes de tudo “sensibilizar as pessoas”, procurando primeiro “soluções através do diálogo e da informação para solucionar os problemas” e só depois “actuar do ponto de vista da transgressão e com a aplicação de multas”. É uma “filosofia da empresa”, cujo próprio nome (Ecalma) já mostra a sua forma de actuar, “com calma e com alma”, sublinha Félix Simões.», in SETÚBAL NA REDE, 12-06-2006.




Além da "filosofia da calma" (a lentidão parece ser, realmente, apanágio da empresa) que formação é dada aos agentes? Será que só lhes ensinam a manusear o PDA onde inserem os dados dos automobilistas? Talvez lhes leccionem uma aulas de «como ser selectivo na aplicação das respectivas "advertências moralizadoras"» (ou seja, a melhor forma de só ver aquilo que a ECALMA quer)?

Que critérios justificam a advertência a um morador (sem cartão de residente - porque a empresa ainda não "teve tempo" de emitir o respectivo título… não nos esqueçamos da calma da ECALMA) que está estacionado em "lugar para visitas", por o espaço reservado aos residentes estar ocupado, nomeadamente, com carros abandonados (como é o caso do veículo de matrícula 25-03-EJ, sem selos do imposto municipal, seguro e inspecção, que se encontra naquele lugar há quase duas semanas) que, no entanto, a fiscalização nem sequer vê?

Ou os lugares de estacionamento ocupados por caixotes de fruta: será que os comerciantes foram advertidos? ou a infracção é-lhes perdoada? a que propósito? (a fotografia que aqui se mostra é um caso de entre muitos!).




Além da Rua Trindade Coelho, a preferida dos fiscais, o que é que faz a ECALMA para ordenar o estacionamento caótico nas restantes ruas da freguesia? O caos é o que se pode observar nas fotos acima (Rua Comandante António Feio e Rua Cândido dos Reis), e nunca me apercebi de nenhuma advertência nem vi nenhum fiscal a actuar.

Agora, digam-me lá se isto não parece uma anedota?

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