Ainda a propósito do tema do meu artigo «As árvores também se abatem!?» venho esclarecer que: na Av.ª D. Afonso Henriques foram abatidas (repito, abatidas!) 49 árvores (22 do lado direito de quem sobe, e 27 do lado esquerdo), sendo que apenas três o haviam sido há já algum tempo atrás e não na sequência das obras do MST.
Ao contrário do que o sr. Rui afirmou no respectivo comentário, nem uma única árvore escapou a esta razia do serrote. Mesmo as mais jovens, cujos troncos decepados se podem observar nas duas primeiras fotos de hoje, tiveram este fatal destino... nem uma sequer foi desenraizada e transportada para o prometido Parque da Paz.
No solo restam, ainda bem visíveis, os respectivos cotos e alguns troncos sangrando...
A este propósito a Sofia Barão lembrou-se, e muito bem, deste poema de Florbela Espanca que aqui vos deixo como se fosse o requiem pelas árvores desta avenida e das outras que vão ter destino semelhante:
ÁRVORES DO ALENTEJO
Horas mortas... curvada aos pés do monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!
E quando, manhã alta, o Sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguias à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
E quanto a este assunto... ponto final! Que a mim me custa demais assistir a estas cenas sem me emocionar. Um resto de bom domingo e um óptimo ínico de semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário