sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Pronúncia da AM de Almada sobre a Reforma Administrativa Territorial Autárquica


«Em sintonia com a esmagadora maioria dos eleitos locais nas Assembleias de Freguesia do Concelho de Almada, que expressaram a sua inequívoca rejeição de qualquer eventual extinção ou fusão de Freguesias do Concelho de Almada através das tomadas de posição que integram, nos diferentes anexos, a presente deliberação e dela fazem parte, e em sintonia igualmente com o parecer aprovado pela Câmara Municipal de Almada, apelar a todas a forças político-partidárias com assento na Assembleia da República para que, com o seu voto e no concreto, rejeitem todos os projetos que venham a ser apresentados e que determinem a liquidação de Freguesias em violação da vontade das populações e dos eleitos e órgãos autárquicos, e que com sentido de Estado e de responsabilidade optem pela defesa da identidade local, da proximidade às populações, e do desenvolvimento e coesão territorial.»
Excerto da proposta de deliberação apresentada pela CDU e que foi aprovada ontem na Assembleia Municipal de Almada, e cuja versão completa se encontra AQUI.

E a propósito desta discussão, assisti ontem na Assembleia Municipal de Almada a uma cena bastante desagradável e que demonstra a total falta de civismo de certas pessoas que não aprenderam, ainda, a viver em Democracia...
Durante o período de intervenção dos cidadãos, falava Alexandre Guerreiro, expondo a sua opinião (favorável à agregação de freguesias no concelho de Almada) - um direito constitucional que lhe assiste - quando alguns elementos do público (supostamente contra a proposta do governo) desataram aos gritos, a lançar impropérios e ofensas várias ao orador, em total desrespeito pelo funcionamento do órgão.
Uma situação lamentável a todos os títulos, vergonhosa mesmo que em nada prestigia aquele órgão autárquico, muito pelo contrário.
Tendo feito um primeiro apelo pouco firme, e que talvez por isso ninguém respeitou (inclusive alguns membros da própria assembleia), o Presidente da Assembleia Municipal viu-se na contingência de insistir uma segunda vez, com mais vigor: «por favor, respeitem a Assembleia, porque ao respeitar a Assembleia estão a respeitar-se a si próprios!»
Terminada a intervenção do Alexandre, mesmo assim os insultos continuaram havendo até quem se lhe tivesse dirigido com ameaças e ofensas pessoais em nítidas atitudes provocatórias. Foi preciso muito sangue frio da parte dele para se manter sereno e não responder "à letra". Uma atitude digna, contrastando com a forma desabrida, mal-educada e muito pouco democrática de quem se lhe dirigia naqueles moldes.
Apesar da perturbação evidente que os tumultos estavam a causar ao desenrolar dos trabalhos, apenas um autarca se manifestou indignado interpelando a Mesa para que fizesse todos os esforços no sentido de manter a ordem no plenário: Fernando Sousa da Pena.
Pergunto:
É com comportamentos destes que se pretende defender o poder local, que muitos dizem ser "uma escola da democracia"? É desrespeitando os direitos dos outros exprimirem a sua opinião que pretendem ter legitimidade para exigir que respeitem a deles? Mas que raio de liberdade de expressão defendem estas pessoas?

Entre mim e o Alexandre Guerreiro há muitos ideais que não partilhamos, nem tão pouco estamos sempre de acordo, é um facto, apesar de sermos amigos. Exemplo disso é, precisamente, esta questão da reorganização territorial autárquica (eu sou contra esta lei e considero que o referendo deveria ser condição obrigatória).
Todavia, isso não me impede de saber ouvir quem tem posições contrárias à minha… Confesso, que até concordo com ele em alguns aspetos (sobretudo, na crítica à forma como este processo foi conduzido pela CMA/CDU no nosso concelho, com notórias falhas ao nível do debate transparente e informado com a população).
Assim como tenho sinceras dúvidas, e nisso também o acompanho, que possam existir outros objetivos que fundamentem a acérrima defesa por parte da CDU da manutenção do "status quo" atual em termos de organização administrativa em Almada (refiro-me, expressamente, à perda da influência na assembleia municipal caso diminuíssem o número de presidentes de junta no órgão deliberativo do município).
Porque, tendo a CDU razão em muito do que afirma sobre a importância das freguesias, e estando constantemente a levantar a bandeira de que “o povo é soberano”, por que são contra a realização de referendos locais nesta matéria? Porque temem a pronúncia vinculativa da população?
Posto isto, é óbvio que só me poderia solidarizar com o AlexandreGuerreiro perante o triste e lamentável episódio de ontem na assembleia municipal, pois considero que atitudes daquelas, além de vergonhosas, são contrárias aos valores da Liberdade que todos deveriam respeitar e só desprestigiam o funcionamento de um órgão que é uma “casa da Democracia”, mas onde encontramos algumas pessoas que, lamentavelmente, por não se saberem comportar com urbanidade, são indignas de a frequentar.


Imagem: retirada da Wikipédia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lamento, as juntas de freguesia de Almada,Piedade, Cacilhas e Pragal devem-se fundir. Não faz sentido ter tanta junta de freguesia para fazer tão pouco. Eu gostava de saber quais as competências que são exclusivas da Junta de Freguesia porque na minha opinião muitas das competÊncias podem ser geridas pela Câmara Municipal.

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