segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um caso de (in)sucesso?

Segundo informação recolhida na página online da SAP.com/Portugal:

«O Estudo Estratégico Global dos Sistemas de Informação dos SMAS, realizado em 1998, permitiu definir a estratégia de actualização e manutenção das tecnologias de informação de suporte aos Serviços» (…)

«Os SMAS de Almada, após consulta ao mercado, optaram pela solução SAP, já que esta respondia a um rigoroso conjunto de critérios como a integração entre diversos módulos de Gestão – Financeira, de Materiais, de Obras, de Equipamentos, de Projectos e de Recursos Humanos; por ser uma solução aberta no que respeita a parametrização e personalização; finalmente, por ser ainda, flexível e integrável com Soluções de Gestão Documental e Sistemas de Informação Geográfica.»

Como se pode ler no folheto disponibilizado pela empresa, a primeira fase do projecto foi implementada em Dezembro de 2001 e a última em 2005.

Todavia, seis anos depois daquela menção, mais precisamente em 18-11-2010, o director do Departamento Municipal de Gestão de Redes de Água, Drenagem e Logística dos SMAS de Almada (Ramiro Norberto) afirma a um seu subordinado, por escrito, que: «não sabemos quando estará disponível a aplicação informática SAP/PM».

O que não deixa de ser bastante estranho.

Sendo esta aplicação uma das mais caras do mercado (talvez mesmo a mais cara), como se pode verificar pelo custo do licenciamento de um dos módulos (SAP/CPV): 386.500€, pagos pelos SMAS em Fevereiro de 2011, é caso para perguntar:

O que tem impedido os SMAS de rentabilizarem o investimento que terá sido feito na primeira metade da década de 2000?

Como se justifica que, decorridos seis anos, ainda existam serviços que não dispõem da aplicação?

Quanto tem custado ao erário público, desde 2001, manter este “caso de sucesso”, considerando todos os custos associados (software e consultoria)?

Entre Agosto de 2009 e Março de 2011, os SMAS pagaram à Novabase 90.450€ referentes, nomeadamente, a:

Desenvolvimento e implementação do módulo SAP/PM, em 01-07-2010;

Consultoria na implementação do SAP/PM, em 27-09-2010.

O que não deixa de ser curioso, tendo em atenção as palavras do dirigente Ramiro Norberto em 18-11-2010 e que atrás citámos. Ficam as hipóteses, todas elas a precisar de explicações justificativas:

Os SMAS pagaram mas o serviço não está operacional (por falha da empresa prestadora do serviço ou incompetência do pessoal dos SMAS que não fornece as indicações correctas?);

Aquele dirigente anda distraído (quiçá recusa-se a implementar a aplicação no seu departamento - porquê?);

Ou, deliberadamente, anda a enganar o trabalhador (dizendo que não há algo que existe - para impedir que este cumpra os objectivos estabelecidos, como forma de retaliação?).

Por fim uma última pergunta: o que andam a fazer os partidos da oposição na Assembleia Municipal que não conseguem fiscalizar a actuação do executivo? (além de validar, por inércia, as opções da CDU, pouco mais fazem do que discursos de circunstância a quando das reuniões do órgão deliberativo!...).

6 comentários:

Anónimo disse...

os sistemas em computador são mto perigosos para um vulgar corruto, como é o caso do dirigente, que fica com medo que o apanhem na corruçao com que lucra á 30 anos
por isso, nem quer ver esses sistemas

Almerinda Teixeira disse...

Essa ionoperacionalidade tão grande não será devida a muitos inputs esquisitos? O que haverá por de trás de tantas nuvens?

Almerinda Teixeira

Anónimo disse...

Bom Dia,

Como leitor assíduo deste blog, tenho-o acompanhado as suas atividades, comentando-o quando acho necessário questionar os factos apresentados ou manifestar a minha discordância sobre eles.

Sobre esta atividade particular, dos sistemas de Informação, as decisões que estiveram por detrás da escolha do ERP da SAP, vou dar a minha opinião, que não irá agradar a ninguém, mas é a que tecnicamente é a correta.

Quando estávamos em 1998, ano muito importante para Portugal, pois coincidiu com a abertura da Expo98, com a inauguração da Ponte Vasco da Gama, Portugal vivia como hoje todos sabem, muito acima das suas possibilidades monetárias.

O dinheiro era barato, o juro incentivava a compra de casa própria, e em termos dos Sistemas de Informação, a Microsoft tinha acabado de melhorar o Windows 95, fazendo-lhe um “restyling” e batizando de Windows 98, que entre outras vantagens, apresentava a oportunidade de interligar em rede.

A era da Informática era dominada pelos grandes Mainframes, com terminais enormes e especificos para esse acesso.

O Sistema SAP é um Sistema Alemão, feito numa cidade em que todos os seus habitantes são funcionários da SAP, AG que era feito com uma plataforma internacional, que seria adaptada localmente aos países que contratavam o ERP SAP.

Quando algum Diretor de Sistemas de Informação de uma empresa adjudicava SAP, era como quando comprava IBM, era caro mas era um investimento credível, ao ponto de se comparar em termos de gestão, a comprar um Ferrari.

A decisão de ter o “Ferrari”
implica por exemplo, que tenha que se ter 3 servidores, com a instalação SAP, sendo que um é o Produtivo, outro a máquina de Desenvolvimento, e a máquina de Qualidade.

Depois o sistema propriamente dito é modular, o que quer dizer, compram-se os módulos que quisermos, e depois instala-se à vontade do Cliente, o que a título de exemplo, se pode começar com o módulo de Recursos Humanos, e em seguida com o de Faturação.

O Sistema SAP só por si, é complicado, e feito por especialistas dos módulos específicos (HR, Fi; CO,PM,MM) que em conjunto com os ABAPS (programadores) ajustam o programa Standard ao Cliente.
Para além destes Técnicos existem ainda os administradores do sistema e os chefes de projeto, que do lado do implementador garantem, a complementaridade do projeto.

Assim, ter comprado o Sistema, implica que se tem que manter toda a equipa do Ferrari, do lado do implementador, e uma outra equipa do lado do Cliente, sendo o TCO (Total cost of ownership) muito elevado por causa do seu licenciamento e da sua manutenção (as despesas mantem-se para sempre e dependem do numero de licenças ou sejam numero de utilizadores)

Ter um SAP é garantia que o que lá é inserido é totalmente credível, que financeiramente está correto, e que tudo está registado em ficheiros de log.

Mais informo, que a especificidade deste software é tão grande, que todos os anos tem que ser carregada, por “pacotes de instalação” de pormenores fiscais, tabela de feriados, etc , implicando a movimentação de todos os elementos da “equipa Ferrari” primeiro a instalar na maquina de desenvolvimento, depois o “cliente valida os testes na maquina de Qualidade, e finalmente entrará em Produtivo.

Agora todas as conclusões que possam ser tiradas..

Com os meus cordiais cumprimentos,

JP Costa

Anónimo disse...

Caro JP Costa,
Não posso concordar mais com o que escreve. É rigoroso e exacto, pelo que subscrevo na íntegra.
O problema no caso vertente está precisamente do lado do Cliente, pois apesar da velha máxima comercial de que "cliente tem sempre razão", neste caso, é mais o não ter carta de condução, sequer conhecimentos mínimos para conduzir o tal Ferrari.
Donde resulta que o munícipe contribuinte (eu...) continua a ver "despejar" milhares de euros, tentando assim ultrapassar (disfarçar?) a BURRICE e falta de conhecimentos, reinante neste utilizador - SMAS de Almada.

Entre alguns dos seus dirigentes, existe uma só preocupação: encher-se de dinheiro sujo para ele e para os netos...
Pelo que pouca lhe importa para que possa servir o SAP; só lhe interessaria se lhe desse a receber algum por baixo da mesa, conforme é habitual com outros fornecedores.
Acho que fica bem tipificado este Cliente, inclusivamente no dirigente citado no Blog, tal como o Sr. JP Costa descreveu com muito detalhe, as características do sistema SAP.
Pelas descrições, constata-se serem muito diversos os objectivos de Fornecedor e de Cliente!

Os dirigentes da CMA tem horror total ao profissionalismo, rigor, eficiência e eficácia alemãs...

Fica tudo dito!

Anónimo disse...

Caro JP Costa
Comecei a ler o seu comentário, fiquei animado quando disse que ninguém ia ficar agradado, julgando que iam surgir factos controversos.
Li até ao fim e para além de banalidades que qualquer administrativo sabe, com algumas siglas que os electricistas de computadores (em alguns locais tratados como técnicos de informática), e não apareceu nada.
Termina com "um mais informo" onde nos trás a brilhante revelação que todos os anos é necessário carregar dados (!!!).
Oh sr., procure o homem do mobbing e façam um clube (pela hora de almoço ele também ajudou com uma contribuição de altíssimo nível, como é seu apanágio).

beijinhos aos dois

Anónimo disse...

Este último anónimo está a precisar de levar com os paulitos para ver se atina.

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