«Duma forma ou doutra, todos nos vieram ao
bolso. Com o discurso da "tanga" de Barroso, do "défice
descontrolado" de Sócrates ou do "buraco colossal" de Passos
Coelho. Prometendo em campanha uma política fiscal e fazendo exactamente o seu
contrário, os políticos desacreditaram a democracia enquanto regime em que se
contrapõem ideias e se espera que se implementem as propostas dos que vencem
nas urnas.
O facto é que os impostos são hoje um
verdadeiro esbulho aos nossos rendimentos. E, paradoxalmente, ao aumento da
carga fiscal dos últimos dez anos tem correspondido uma diminuição das regalias
que o Estado concede. Durão Barroso introduziu portagens nas Scut, José
Sócrates reduziu a rede escolar e hospitalar, diminuiu as pensões de reforma, e
Passos Coelho parece ir pelo mesmo caminho. Todas estas decisões seriam até
talvez aceitáveis se os impostos em vez de subir… estivessem a descer.
Como é isto possível? Para onde têm ido
todos os recursos? Alguns desvarios são conhecidos, mas não se tem noção de
qual é a sua verdadeira dimensão. Ainda estão por esclarecer os montantes
esbanjados na Expo 98 ou no Euro 2004.
Outros gastos são ainda mais secretos,
como os das parcerias público-privadas em auto-estradas e hospitais, os
montantes escandalosos dos juros de dívida pública ou a nacionalização do BPN.
Aqui chegados, impõe-se um cabal
esclarecimento de qual o destino que tem sido dado, nos últimos anos, aos
milhões arrecadados através dos nossos impostos. Explicados euro a euro,
tim-tim por tim-tim.»
Fonte: Fio de Prumo, por Paulo Morais, in Correio da Manhã de 27-12-2011.
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