domingo, 26 de outubro de 2008

Orçamento de Estado 2009

Primeiramente foi a pen
Andou p’rà frente e p’ra trás
E o coitado do Orçamento
Lá foi saindo aos bochechos.

Terá sido neste vaivém
Que ele foi acrescentado?
Andava um bit perdido
Nos céus cinzentos de chumbo
Que, por fim, num interstício,
Conseguiu direito à luz.

Terá sido por causa dele
Que o gajo ia morrendo
De asfixia à nascença?

Ninguém sabe, como sempre,
Quem enfiou o tal bit
Esse sim, como uma pena.
A doença é genética.

Desceu como o Espírito Santo
Só que:
Em vez de falar mil línguas
Veio calado, saiu mudo.

Mas mesmo sem o tal bit
É papelada aos molhões
Como sempre especializada.

A puta que pariu tal filho
Sempre conseguiu, lá por fim,
Oferecê-lo, dá-lo à luz.

(Aqui é parêntese para mudar de assunto:
mãe-filho
filho-mãe
puta?
?
Oh minha gente, a língua…)

Querem enganar-nos. Porquê?
Dizem que isto vai bem.
Mas a nossa pobre vida
Como mãe, parindo um filho,
Rebola-se com muitas dores…
Com tantas eleições p’ró ano
O bit, o bit, meus amigos,
Aquilo é q vai ser
Convertido em megabites.


Viva a República do Espeto de Pau!
Almerinda Teixeira
Cacilhas, 2008.10.24
Imagem tirada daqui.

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