quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Democracia Económica

Da minha amiga Almerinda Teixeira, deixo-vos uma excelente sugestão de leitura:

Ladislau Dowbor é brasileiro, doutorado em Ciências Económicas, em Varsóvia, professor titular da PUC de S. Paulo. Não vou aqui escrever todo o seu curriculum, até porque nem virá completo na contracapa de uma obra sua admirável. Não se pode dizer isto, mas apetece fazê-lo: ESTÁ LÁ TUDO.

Trata-se de Democracia Económica. Alternativas de Gestão Social, e a edição que conheço e da qual vou transcrever um pequeno excerto, é da Editora Vozes, de 2008.

Declaração de interesses: adoro o Brasil, só conheço quatro estados, gostava de conhecer melhor esse “mundo” do qual temos andado muito, infelizmente, arredados, conheço e tenho bons amigos em S. Paulo, mas ninguém, sequer um empregado, da Editora Vozes eu conheço.

Difícil a escolha, mas aí vai a minha:

«Continua a ser muito actual nesta área (1) o livro de Joel Kurtzman, A morte do dinheiro. Como o dinheiro passou a ser uma notação electrónica, que viaja na velocidade da luz nas ondas da virtualidade, o mundo se tornou um casino global. Mais importante para nós, o lucro e o poder gerados pela especulação financeira fizeram com que a ciência económica se concentrasse de maneira obsessiva nessa área. A lista dos prémios Nobel de economia constitui essencialmente, com raríssimas exceções como Amartya Sen, uma lista de especialistas em comportamento do mercado financeiro. A situação é agravada pelo fato do Nobel de economia não ser realmente um Prémio Nobel, mas um prémio do Banco da Suécia. Peter Nobel, neto de Alfred Nobel que instituiu o prémio, explicita a confusão voluntariamente criada por um segmento particular de economistas:

Nunca na correspondência de Alfred Nobel houve qualquer menção referente a um Prémio Nobel de economia. O Banco Real da Suécia depositou o seu ovo no ninho de um pássaro, muito respeitável, e infringe assim a “marca registada” Nobel. Dois terços dos prémios do Banco da Suécia foram entregues a economistas americanos da escola de Chicago, cujos modelos matemáticos servem para especular nos mercados de acções – no sentido oposto às intenções de Alfred Nobel, que entendia melhorar a condição humana.»


(1) financeirização da ciência económica.

Cacilhas, 20 de Outubro de 2008

Se existem livros da minha vida, este é um deles.

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