segunda-feira, 19 de maio de 2008

Museu Regional do Algarve

Ontem, dia 18 de Maio, celebrou-se o Dia Internacional dos Museus. A propósito desse acontecimento, trago-vos aqui, hoje, uma triste notícia: a do encerramento do Museu Regional do Algarve, há vários meses, por incúria dos autarcas responsáveis pela gestão da Assembleia Distrital de Faro, proprietária daquele espaço.

São eles, José Estevens e Macário Correia, mui dignos presidentes das Câmaras Municipais de Castro Marim e de Tavira, respectivamente, presidente e secretário da Mesa da Assembleia Distrital de Faro.

Todavia, não ficam isentos de culpa os restantes edis algarvios (refiro-me, além dos dois citados, aos outros 14 presidentes de Câmara do distrito), nem tão pouco o resto dos membros daquela entidade (16 presidentes das assembleias municipais e 16 presidentes de junta de freguesia, sendo um eleito por cada concelho) que, por inércia, acabaram por ser coniventes com uma série de ilegalidades (que incluem, até, o desrespeito por preceitos constitucionais) que culminaram no encerramento do Museu Regional do Algarve cujo espólio se encontra a acumular pó e a degradar-se de dia para dia, mercê de questiúnculas políticas entre o PSD e o PS e de guerras de bastidores entre os sucessivos Governos e o Poder Local que já se arrastam quase há duas décadas.

A história é demasiado complicada para ser aqui abordada. Contudo, se estiverem interessados podem consultar o
Blog Distritos. Sim?! ou Não!? no qual encontram documentação bastante elucidativa sobre o assunto. Vejam, na coluna da direita, o tema AD de Faro.

O que me revolta, perante uma situação destas, é a impunidade com que certos autarcas agem, e que por se julgarem acima da lei ainda têm o solene descaramento de tornar públicas as suas acções, não tendo pejo em mentir sobre os fundamentos que levaram ao encerramento do MRA, porque consideram que a sua palavra é suficiente para validar os actos cometidos… mas mais me revolta, ainda, a indiferença com que a tutela, o Tribunal de Contas e o Ministério Público, depois de conhecerem os factos, olham para estes acontecimentos.

E, apesar de Macário Correia continuar a afirmar que o MRA encerrou porque não tinha pessoal e estava inactivo há cerca de dez anos, o certo é que foi ele quem, assim que a Chefe de Divisão se aposentou no início de 2006, coadjuvado pelos outros 15 presidentes de câmara do distrito, numa decisão assumida ilegalmente na Junta Metropolitana do Algarve (uma entidade que nada tem a ver com a Assembleia Distrital - seria o mesmo que a Câmara de Tavira deliberar encerrar o Museu Municipal de Castro Marim, por exemplo) tratou de transferir os trabalhadores para a associação de municípios e câmaras limítrofes para, assim, poder justificar a extinção daquele que ele considerava um órgão inútil.

E se o MRA estava moribundo nos últimos dez anos, a que Museu estará o
Ministério da Cultura a referir-se no seu site? Um espaço dinâmico, onde só no último trimestre de 2005 a agenda contava com dezenas de actividades, muitas delas com uma ligação especial à comunidade escolar, em particular à 1.ª infância, e com um ênfase particular à terceira idade?

E será que estamos a falar do mesmo Museu que a Revista LAZER A SUL, do semanário Expresso, de 19/03/2005?:
«A minha bisavó vestia calças? E o meu bisavô tinha algum fato especial para o domingo? As máquinas e as profissões seriam como as de hoje? Para teres respostas a estas e outras perguntas não há como visitar o Museu Regional do Algarve, em Faro.
Ali está patente uma exposição de usos e costumes do povo algarvio.
Podes ver, em quatro salas, trajes típicos, utensílios agrários, fotografias da vida quotidiana dos anos sessenta e setenta, ou ainda meios de transporte em dimensões reais ou em miniaturas.
Será que as habitações sempre foram apartamentos? Nem sempre e a prova disso está na reconstituição do aspecto exterior e interior de casas algarvias. Os espaços comerciais também tinham a sua graça, pois numa taberna tanto se bebia um copo de vinho como se compravam utensílios de trabalho.
Mais ao lado, podes ainda ver como era belo o quarto dos nossos avós, com a cama feita em ferro forjado e decorada com bonitos lençóis bordados à mão.
No dia a dia, o trabalho era mais duro do que hoje, porque muitas das tarefas eram manuais. Os teares eram complexos e quando as mãos interlaçavam a palma e o junco resultavam bonitas alcofas e cestos.
Acreditamos que vais gostar de saber mais da história das gentes do Algarve. Foi por isso que o pintor Carlos Porfírio impulsionou e criou este Museu, em 1962, instalado na Assembleia Distrital de Faro.
Hoje, foi melhorado com a implementação de uma sala educativa com material audiovisual, onde podes assistir a filmes didácticos referentes à vida quotidiana da serra até ao mar. Ali contam-te também uma lenda algarvia todas as quartas-feiras.
Marca já a tua visita com os teus pais ou convence a tua professora a levar-te a ti e aos teus colegas ao Museu Regional, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30, de Segunda a Sexta-Feira.»


Claro que se trata do Museu Regional do Algarve, pois ele é só um. O mesmo de que fala Macário Correia com tanto desprezo. Vale a pena acrescentar mais palavras? Para quê? Acho que não! E é assim que se defende o nosso património histórico.

Bem-haja o Poder Local. Viva a Democracia. E, de preferência, que continuem todos de olhos bem fechados. Uma tristeza...

É por estas e por outras que cada vez mais me desgosta a política E, depois, querem cativar os jovens. Como?

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