Na prossecução do interesse das populações devem, então, os técnicos e os autarcas, estar sensibilizados para o facto de o património cultural, à semelhança do paisagístico e urbano, carecer de protecção efectiva. Para atingir esse objectivo é urgente superar, na teoria e na prática, o ostracismo a que se tem votado a cultura, formular uma "política cultural (...) que contemple como intervenções fulcrais aquelas que maior influxo possam ter na formação duma nova consciência e responsabilização locais" e, apostar no "diálogo constante com os outros departamentos ou planos, por forma a que os programas ou decisões cumpram os requisitos e metas apontados" (7).
A evidente ligação entre factores biológicos e factores sócio-culturais vem, ainda, reforçar a utilidade do estudo "das componentes ecológica e ecológica da evolução humana"(8), e demonstrar que, para compreender a "integralidade da mudança" e consequentes reflexos no tecido social, é necessário equacionar os problemas quotidianos na dupla perspectiva material (economia e tecnologia) e imaterial (ideologia e organização política).
Assim, para que seja possível:
- proceder à aproximação entre métodos de investigação e programas de intervenção;
- evitar a retracção dos políticos ("porque os trabalhos de investigação se afastam dos sectores que mais directamente lhes interessam") e o desânimo dos investigadores ("porque as decisões daqueles ignoram as suas conclusões"),
é conveniente procurar uma identificação de interesses que satisfaça as necessidades (em termos sociais) de uma gestão racional, em apoio de um planeamento que se deseja operativo, táctico e estratégico, pelo que preconiza-se "um esforço de articulação entre investigação e ensino" para uma "convergência interprofissional" que permita estabelecer um adequado "mecanismo de adaptação ao processo de mudança social"(9).»
Ermelinda Toscano, in Planeamento versus Cultura (intervenção nas I Jornadas de História e Cultura da Lourinhã, 1993)
(7) FERREIRA, José Maria Cabral, "Do Planeamento da Cultura à Cultura no Planeamento", Sociedade e Território, n.° 4, Porto, 1986.
(8) AREIA, M. L. Rodrigues de, "Antropologia Geral. Tópicos para um Programa", Antropologia Portuguesa, n.° 2, Coimbra, 1984.
(9) SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos, "Políticas Culturais e Juventude", Análise Social, vol. XXVI, Lisboa, 1991.
(8) AREIA, M. L. Rodrigues de, "Antropologia Geral. Tópicos para um Programa", Antropologia Portuguesa, n.° 2, Coimbra, 1984.
(9) SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos, "Políticas Culturais e Juventude", Análise Social, vol. XXVI, Lisboa, 1991.
Sem comentários:
Enviar um comentário