Vem este artigo a propósito das comemorações
do 44.º aniversário do 25 de Abril em Almada e de um comentário
na rede social Facebook acerca de uma alegada gratuitidade do espetáculo
com Gisela João e os Xutos e Pontapés quando, afinal, aquela contratação fora
adjudicada pela autarquia à BIOSOM - ELECTRO ACÚSTICA
APLICADA, LDA pelo valor de 81.750,00€ (sem IVA).
Fui depois esclarecida por quem o
escreveu, que se baseara numa notícia intitulada “Xutos
& Pontapés dão concerto gratuito em Almada” alegadamente partilhada
pelo vereador João Couvaneiro.
O título escolhido para ilustrar
o curto texto de Andreia Guerreiro é, de facto, enganador. Mas julgo ser
insuficiente para o classificar de “informação falsa”. No meu
entendimento é óbvio que a jornalista se estava a referir ao facto de não ser
necessário pagar bilhete para ir assistir aos concertos que eram de entrada
livre.
Quanto a custos, não era de
esperar que os artistas fossem “dar uma borla”. Ao fim e ao cabo é esse o seu “ganha
pão”. Mas tendo sido pagos pela autarquia (como o foram todos os outros nos espetáculos
de anos anteriores e o têm sido há 44 anos noutros concelhos por esse país
fora - talvez com raras exceções), acabaram por sair do nosso bolso enquanto munícipes contribuintes. Por
isso, “oferecer” o concerto à população não é nada de extraordinário. Pena é que,
já agora, não tivesse havido transmissão em direto via internet possibilitando que
quem não pode estar presente (por razões diversas, nomeadamente de saúde)
pudesse assistir em casa.
Tendo presente a polémica sobre
os custos, como se pode ler nos comentários a uma notícia
do jornal online Diário do Distrito (divulgada também no Facebook), vem-me
à memória a frase “preso por ter cão, preso por não o ter”.
E não deixa de ser interessante, depois
do “episódio do Carnaval”, que alguns já estendiam às comemorações do 25 de abril
(vaticinando que, em Almada, o novo executivo iria provavelmente acabar com os
festejos), assistir agora às críticas em torno dos gastos. Como se em anos
anteriores a Câmara de Almada não tivesse tido quaisquer despesas com a organização
dos espetáculos.
No entanto, consultando a
Base.gov verificamos que em 2017, como a imagem documenta, a Câmara de Almada
gastou um valor muito superior àquele que em 2018 foi pago à BIOSOM pois, conforme
refere a respetiva
Nota de Encomenda, a fatura inclui não só o espetáculo dos dois artistas (a
fadista e o grupo rock), como a montagem do espetáculo. E consultada a
informações sobre os ajustes
diretos publicados pelo Município de Almada entre 1 de janeiro e 15 de abril de
2018, não havendo até hoje mais nenhum contrato relacionado com as
comemorações em causa, presume-se que o encargo global (ao qual acresce IVA a
23%) foi de 81.750€ em 2018 enquanto que em 2017 foi de 102.880€.
Não sei se os valores em causa são
a preços de mercado, se são justos para o tipo de trabalho em causa (produção
musical). Também sei que, como diz o povo “com papas e bolos [ou com música e
foguetes, o efeito é o mesmo] se enganam os tolos”, há muitas outras
prioridades onde o dinheiro poderia ser empregue. O que não quer dizer que critique
o pagamento efetuado para produção de um espetáculo comemorativo como o do 44.º
aniversário do 25 de abril.
Mas não posso deixar de perguntar
àqueles que criticam a CMA por gastar num espetáculo musical 100.552,50€ (considerando
que há outras necessidades onde o dinheiro seria melhor aplicado): então o que
dizem dos 400.000€ (200.000€/ano) pagos pelo arrendamento de uma propriedade (cujo
contrato foi celebrado pelo anterior executivo) da qual o município nunca tirou
proveito?
4 comentários:
Grande espectáculo de qualidade no 25 abril. Este ano valeu
Por curiosidade pode informar quanto recebe por cada comentário produzido na defesa da cma?
Obrigado
Deve se drogar! vá tomar a medicação.Viu se. O 25 de abril com a maior multidão de sempre. O povo estava farto da programação da Cdu.
Exactamente
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