terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O Homem Que Escrevia Azulejos


Comecei a ler na segunda-feira O Homem Que Escrevia Azulejos, de Álvaro Laborinho Lúcio. O segundo livro deste autor, que eu nem sequer sabia ser escritor de romances pois apenas o lembrava como ex-Ministro da Justiça num dos governos de Cavaco Silva (numa época de má memória para mim, em termos profissionais).
Ainda nem a meio estou (vou na página 99) mas já estou completamente rendida. Trata-se de uma obra fantástica. Daquelas que me fazem sentir necessidade de sublinhar frases para fazer perdurar o seu sentido, para as reanalisar e descobrir a mensagem oculta nas entrelinhas.
Trata-se, portanto, de um livro que tem muito mais do dobro do seu tamanho efetivo (244 páginas) pois é rara a página que não encerra um pensamento e/ou opinião que nos transporta para um outro “livro paralelo” onde tentamos encontrar o sentido das palavras que acabámos de ler.
Adoro este tipo de livros por despertarem em nós a necessidade de nos questionarmos, de refletirmos sobre matérias que, de forma consciente ou inadvertidamente, deixamos andarem enredadas na superficialidade dos dias.
Em breve, aqui trarei algumas das frases que mais me marcaram. Por ora deixo-vos a sinopse do livro:
«A Cidade e a Montanha vigiam-se mutuamente, num jogo de espelhos e de contrários, numa geometria de centros e periferias, num enredo de poderes e de ocultações, onde muitas são as maneiras de viver a clandestinidade e muitas são as clandestinidades: escondidas, distantes; umas, vividas; outras, à vista de todos. Dois homens, Marcel e Norberto, atravessam, juntos, todo o tempo de uma vida. Escolheram, para viver, a ficção, e é nela que são clandestinos. Com eles vêm encontrar-se João Francisco e Otília. Ele, violinista e professor de música, ela, a sua jovem neta, ambos na busca incessante do sublime, também eles recusados pela realidade. Um homem que escrevia azulejos - que reencontrou a utopia e gostava da sátira - reparou neles e pintou-os com palavras.

O Homem Que Escrevia Azulejos, de Álvaro Laborinho Lúcio, debate e ilumina-se das grandes ideias da modernidade, enquanto observa, não sem algum detalhe pícaro, a falência das sociedades em que vivemos. Um romance culto e empenhado sobre o poder, e o poder redentor da arte e do amor.»

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