Comecei a ler na segunda-feira O Homem Que Escrevia Azulejos, de Álvaro Laborinho
Lúcio. O segundo livro deste autor, que eu nem sequer sabia ser escritor de romances
pois apenas o lembrava como ex-Ministro da Justiça num dos governos de Cavaco
Silva (numa época de má memória para mim, em termos profissionais).
Ainda nem a meio estou (vou na
página 99) mas já estou completamente rendida. Trata-se de uma obra fantástica.
Daquelas que me fazem sentir necessidade de sublinhar frases para fazer
perdurar o seu sentido, para as reanalisar e descobrir a mensagem oculta nas
entrelinhas.
Trata-se, portanto, de um livro
que tem muito mais do dobro do seu tamanho efetivo (244 páginas) pois é rara a
página que não encerra um pensamento e/ou opinião que nos transporta para um
outro “livro paralelo” onde tentamos encontrar o sentido das palavras que
acabámos de ler.
Adoro este tipo de livros por
despertarem em nós a necessidade de nos questionarmos, de refletirmos sobre
matérias que, de forma consciente ou inadvertidamente, deixamos andarem enredadas
na superficialidade dos dias.
Em breve, aqui trarei algumas das
frases que mais me marcaram. Por ora deixo-vos a sinopse do livro:
«A Cidade e a Montanha vigiam-se
mutuamente, num jogo de espelhos e de contrários, numa geometria de centros e
periferias, num enredo de poderes e de ocultações, onde muitas são as maneiras
de viver a clandestinidade e muitas são as clandestinidades: escondidas,
distantes; umas, vividas; outras, à vista de todos. Dois homens, Marcel e
Norberto, atravessam, juntos, todo o tempo de uma vida. Escolheram, para viver,
a ficção, e é nela que são clandestinos. Com eles vêm encontrar-se João
Francisco e Otília. Ele, violinista e professor de música, ela, a sua jovem
neta, ambos na busca incessante do sublime, também eles recusados pela
realidade. Um homem que escrevia azulejos - que reencontrou a utopia e gostava
da sátira - reparou neles e pintou-os com palavras.
O Homem Que Escrevia Azulejos, de
Álvaro Laborinho Lúcio, debate e ilumina-se das grandes ideias da modernidade,
enquanto observa, não sem algum detalhe pícaro, a falência das sociedades em
que vivemos. Um romance culto e empenhado sobre o poder, e o poder redentor da
arte e do amor.»
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