Av.ª 25 de Abril (Almada), frente à estação dos correios
Aconteceu ontem de madrugada. Era de tenra idade (uns escassos meses) e, coitado, lá ficou estendido no chão, retorcido, sem hipótese de salvação... a seguir ao almoço já fora retirado, ficando apenas vestígios do que se passara, o que demonstra a eficiência da entidade responsável na remoção dos escombros.
Depois deste intróito em tom de ironia, vamos lá falar de coisas sérias porque o caso, afinal, não é para brincadeiras: este foi um acidente de viação, felizmente, sem vítimas. Mas poderia não ter sido. E espanta-me que ainda não tenham ocorrido mais... travagens bruscas, essas, há muitas... todos os dias.
Mas de que se trata, perguntarão... Tudo se deve à irresponsabilidade dos automobilistas é certo (que aceleram na via descendente desta artéria da freguesia, que tem um declive acentuado e, por isso, passam ali a uma velocidade muito superior à legalmente permitida pelo Código da Estrada) mas, também, a uma certa incúria de quem desenhou aquela avenida e não programou umas bandas limitadoras de velocidade para impedir estes excessos...
Esperemos que não seja preciso haver mortes para, então, a autarquia pensar no assunto e agir.
A propósito deste assunto lembrei-me de um poema chamado "O Acelera (aprenda a morrer nas estradas de Portugal)", de Manuel Marques, publicado no Caderno Uma Dúzia de Páginas de Poesia n.º 38:
Só para ver o que acontece
Fazendo ver aos Campeões
Eu gostava que aprendesse
A morrer em dez lições
Não perca a oportunidade
De uma manobra arriscada
Mostrando a sua habilidade
Ultrapassar na lomba da estrada
Digo-lhe que é tão emocionante
Como navegar em águas turvas
Talvez mais arrepiante
Do que ultrapassar nas curvas
Mostre a sua personalidade
E nunca ande devagar
Mesmo não tendo possibilidade
Não espere para avançar
Andar em alta velocidade
Não há coisa mais bonita
Mesmo que não haja visibilidade
E a estrada o não permita
Circule no meio da estrada
Quando meia estrada não baste
Não se importe com nada
Cada qual que se afaste
Se vai numa via secundária
E quer entrar na principal
Entre de forma autoritária
Porque o seu direito é igual
Se vai na passagem de nível
Das que não têm guarda
Passar à frente é preferível
Do que passar à retaguarda
Se o seu carro derrapar
Não esteja com meias tretas
Carregue no pedal para travar
Vai ver que faz piruetas
Se vai mudar de direcção
Não faça sinal a ninguém
Nem que seja fora de mão
Você entra como lhe convém.
Fazendo ver aos Campeões
Eu gostava que aprendesse
A morrer em dez lições
Não perca a oportunidade
De uma manobra arriscada
Mostrando a sua habilidade
Ultrapassar na lomba da estrada
Digo-lhe que é tão emocionante
Como navegar em águas turvas
Talvez mais arrepiante
Do que ultrapassar nas curvas
Mostre a sua personalidade
E nunca ande devagar
Mesmo não tendo possibilidade
Não espere para avançar
Andar em alta velocidade
Não há coisa mais bonita
Mesmo que não haja visibilidade
E a estrada o não permita
Circule no meio da estrada
Quando meia estrada não baste
Não se importe com nada
Cada qual que se afaste
Se vai numa via secundária
E quer entrar na principal
Entre de forma autoritária
Porque o seu direito é igual
Se vai na passagem de nível
Das que não têm guarda
Passar à frente é preferível
Do que passar à retaguarda
Se o seu carro derrapar
Não esteja com meias tretas
Carregue no pedal para travar
Vai ver que faz piruetas
Se vai mudar de direcção
Não faça sinal a ninguém
Nem que seja fora de mão
Você entra como lhe convém.
Apropriado, não?
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