Neste livro, intitulado Os Terrenos do Domínio Privado do Estado e a Gestão do Território, a autora pretende analisar o comportamento do Estado
como proprietário fundiário e o reflexo das opções assumidas pelas diversas
entidades da administração pública (central e local) na gestão do território.
Após identificação dos
instrumentos e atores que intervêm no ordenamento do território em Portugal, é
feita uma breve sinopse histórica do distrito e são expostas as fragilidades
estruturais das assembleias distritais (órgãos deliberativos autárquicos de
âmbito supramunicipal) que, ostracizadas pela generalidade dos autarcas e pelos
sucessivos Governos, foram transformadas em “entidades fantasma” embora
condenadas pela Constituição a vigorar até à implementação das regiões
administrativas.
O “Projeto Integrado de
Aproveitamento Social da Quinta da Paiã”, elaborado pelo Governo Civil de
Lisboa em 1993, apesar de ser um caso excecional, é o exemplo escolhido para
demonstrar algumas práticas ilícitas que devem ser evitadas e que vão do
confisco à gestão negligente. Os vários loteamentos que o compõem (com mais de
trezentos lotes destinados à construção de habitação e indústria) resultaram de
desanexações de prédios rústicos não autorizadas pela então entidade
proprietária (a Assembleia Distrital de Lisboa) e nunca obtiveram alvará do
município para o efeito (Loures, naquela época; Odivelas a partir de 1998).
Neste estudo, além da denúncia
dos factos que terão levado ao impasse de quase três décadas sobre a utilização
daqueles terrenos (que estão inseridos, na sua maioria, em solos onde o uso
urbano nunca foi permitido pelos instrumentos de gestão territorial) a autora
procura, ainda, elencar as perspetivas quanto à sua ocupação futura e deixa
pistas para dar continuidade à investigação explorando, nomeadamente, as
motivações políticas que considera estiveram na génese do problema.
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