Páginas

sábado, 11 de setembro de 2010

Munícipes de uma "câmara menor"





Em Almada há zonas do território que são tratadas como se fossem pertença de outro concelho (e, por isso, a CMA não intervém naquele perímetro) ou, quem sabe, os responsáveis políticos da autarquia não considerem os seus moradores merecedores de atenção por a respectiva associação ter a coragem e a frontalidade de manifestar, publicamente, a oposição a determinadas acções da edilidade (nomeadamente em relação ao programa POLIS da Costa da Caparica).

Através do jornal I, na sua versão online de 9 de Setembro, ficámos a saber que o representante da Associação de Moradores da Aroeira, que também já nos contactou (sendo dele as imagens que ilustram esta notícia, gentilmente cedidas para o efeito), marcou presença na última reunião do executivo, realizada na passada 4.ª feira:

«Moradores da Aroeira dizem que pagaram há 20 anos alcatroamento que ainda não foi feito.
O presidente da associação de proprietários do pinhal da Aroeira, em Almada, afirmou hoje que os moradores daquela localidade pagaram há 20 anos o alcatroamento de uma rua que continua a ser de terra batida.
Antes de intervir na reunião quinzenal de câmara [realizada na passada 4.ª feira, dia 8-9-2010], Carlos Vieira, presidente da associação de proprietários do pinhal da Aroeira, afirmou à Lusa que “há anos que se arrastam os contactos formais e informais dos moradores com a câmara municipal sem que a situação da Avenida Sacadura Cabral seja resolvida”.
“A rua está apenas alcatroada até metade. A poeira que se levanta de cada vez que passa um veículo motorizado na zona de terra batida, ou mesmo quando o vento é mais forte, obrigou os proprietários a pagarem a aplicação de um produto que amenizasse a situação”, afirmou.
O representante dos cerca de 900 moradores daquela localidade considerou ainda “imoral” que “tenham sido os moradores a assumir uma responsabilidade que é da autarquia”.
Para além disso, acrescentou, “existe, na zona da rua que ainda é de terra batida, um problema de saúde pública”. “Para além da poeira, há buracos e todo o tipo de lixo. A rua é usada como uma lixeira e o lixo chega a levar meses a ser recolhido”, afirmou.
Em resposta, a vereadora para o Planeamento e a Administração do Território, Amélia Pardal (CDU), afirmou que “a zona em questão tem especificidades que dificultam a implementação do processo” e, embora tenha reconhecido que este é um problema “que se arrasta no tempo”, garantiu que “o trabalho na via está programado para breve”.»


Apesar das palavras daquela vereadora, interessante será recordar o texto de uma moção apresentada na Assembleia Municipal de Almada em 25 de Fevereiro de 2009, a qual obteve o voto favorável de toda a oposição (PS, PSD e BE) mas que acabou sendo rejeitada precisamente devido ao voto contra da CDU:

«Tomando como exemplo a situação do Alvará de Loteamento 187/1986 na Aroeira (Charneca da Caparica), que compreende a zona da Avenida Sacadura Cabral, Rua da Graça, Rua das Palmeiras e Rua Henrique Franco, constatamos que depois de em 1986 ter sido emitido o respectivo alvará depois dos seus moradores terem cumprido as suas obrigações perante a autarquia, apenas em Fevereiro de 1998 foram iniciadas as obras de saneamento, sendo que até aos dias de hoje não foram concluídas as necessárias obras arruamentos (passeios e respectivas faixas de rodagem).
Este facto não pode deixar de merecer uma resposta estruturada e urgente da parte da Autarquia.
Assim, a Assembleia Municipal reunida no dia 25 de Fevereiro de 2009, delibera:
1- Que a Câmara Municipal intervenha, no cumprimento do seu dever, com carácter de urgência, resolvendo a situação dos arruamentos do loteamento 187/1986, bem como em todos os demais casos onde se comprove que os diversos proprietários já cumpriram as suas obrigações legais para com o município, e onde se tenha emitido o respectivo alvará de loteamento, através da concretização das obras de arruamentos (passeios e faixas de rodagem, sinalização horizontal e vertical).
2- Que esta intervenção possa ser tão célere quanto o possível, e que nunca decorra mais de 6 meses sobre a data de aprovação deste documento.»

Curiosa noção de tempo tem a CDU, pois o brevemente já se eterniza há duas décadas…

Perante aquela promessa do executivo e o comportamento da respectiva bancada no órgão deliberativo, é justo perguntar: que valor têm as palavras destes autarcas?

A propósito, sugiro que façam uma leitura atenta da discussão gerada em torno daquela moção (apresentada pelo então deputado Nuno Matias PSD, hoje vereador) e analisem, sobretudo, o discurso da Presidente da CMA (página 37 e seguintes) e a forma como pretendeu descartar-se das responsabilidades. Podem consultar AQUI a respectiva acta.

«Em relação à recolha do lixo, devo esclarecer que a retirada do que se encontra dentro dos contentores tem sido realizada com a, má, regularidade habitual, i.e. dia sim, dia não. O problema é o lixo e os entulhos que se acumulam à volta dos contentores, quer por incivilidade de particulares e empresas externas à zona, quer pela degradação dos contentores permitindo que os inúmeros animais abandonados na zona retirem o lixo e o espalhem, quer ainda pela periodicidade da recolha, especialmente aos fins-de-semana que faz com que o lixo por vezes não caiba nos contentores e acabe por não ser recolhido», contou-nos Carlos Vieira.

E para que nos apercebamos da gravidade da situação, recordemos, através das suas palavras, o que se passou no penúltimo domingo de Agosto: «a via ficou cortada pelo lixo entretanto espalhado e das mensagens de revolta que vários moradores ali depositaram. Aliás devo referir que a GNR tomou nota da ocorrência, não tendo desenvolvido qualquer acção no sentido de normalizar a circulação. Tendo na segunda-feira sido retirada uma pequena porção do lixo, situação que, segundo me relataram, se voltou a verificar hoje.»


Fotografias: Carlos Vieira.

8 comentários:

  1. ..pois se não votam CDU.. têm que sofrer o castigo...
    Os investimentos da CMA são planeados prioritariamente para as zonas do "MAPA ELEITORAL ONDE A CDU OBTÉM MAIS VOTOS".
    Por outras palavras, os investimentos camarários dependem na razão directa da percentagem de votos CDU, obtida no local.

    ResponderEliminar
  2. Anónimo das 10:17h

    Eles (CDU) bem podem dizer o contrário, mas as evidências falam por si.

    Ou seja, o retrato que "pinta" é, infelizmente, a realidade do que se passa no nosso concelho.

    ResponderEliminar
  3. Há muitas "Aroeiras" no nosso concelho.
    A Costa de Caparica é um exemplo, mas dentro da cidade de Almada existem sitios mais parecidos com o terceiro mundo do que com uma cidade europeia.
    Depois de ver os dirigentes da nossa cidade a fazerem discuros sobre esse grande homem que foi o Cardeal Cerejeira, só nos resta um milagre, para que Almada funcione como deve ser...

    ResponderEliminar
  4. Anónimo das 15:38h

    As pessoas têm de começar a ser mais interventivas, têm de denunciar, reclamar, lutar pelos seus direitos... calar é consentir, cruzar os braços é apoiar tacitamente.
    Isto não vai lá com milagres mas sim com cidadãos e cidadãs de olhos abertos...

    ResponderEliminar
  5. Tal acontece porque realmente os autarcas de Almada nao prestam.

    ResponderEliminar
  6. EmAlmada:

    Não iria tão longe... mas que há uns quantos que não prestam mesmo, há... e uns outros que ficam a ver "impávidos e serrenos".

    Outros há que podiam/deviam intervir, mas como isso dá muito trabalho, preferem fingir que nada sabem.

    Enfim... mas os/as munícipes e os/as eleitores em particular, têm também muitas "culpas no cartório".

    ResponderEliminar
  7. Gostaria de acrescentar, ao que me parece, o desinvestimento não é, certamente, relacionado com o mapa eleitoral senão, a avaliar pelo estado de quase todas as estradas do concelho, a cdu só ganharia no canal do eléctrico, o que deveria ser insuficiente para governarem. Para além do desinvestimento, a incompetência de quem não tem capacidades , conhecimentos, saberes e qualificações para desempenhar cargos que exigem mais que certa retórica de algibeira.....

    Luís Neto

    ResponderEliminar
  8. Luís Neto:

    Dou-lhe inteira razão.

    A incompetência é o cancro desta gestão autárquica.

    ResponderEliminar