A economia nacional e o desenvolvimento socioeconómico dependem de vários factores externos (exógenos) e internos (endógenos), essencialmente de matérias-primas próprias, como o combustível, a energia e a agricultura, produtos raros exportáveis, variando consoante a sua existência ou ausência, e ainda do mercado de valores - factor chave do sistema capitalista de mercado.
Sendo que a economia nacional depende da global, principalmente da indústria petrolífera e de produtos externos, ela pode recorrer a mecanismos de maximização da auto-suficiência energética e de matérias-primas próprias, recolhendo a mais-valia de recursos autóctones como o sol, o mar, a floresta e o subsolo. E que investimentos tem havido nestas áreas? Penso que saberão a resposta: ficam aquém do espectável.
Os factores internos estão, também, muito dependentes da linha político-partidária adoptada. Os sucessivos governos pós 25 de Abril têm seguido políticas fazendo lembrar os depósitos a prazo. A longo prazo implementam medidas (leis , protocolos e acordos) para favorecer os mais privilegiados, em dinheiro e poder. Exemplos disso são as concessões de 20, 25 e 30 anos e outras regalias monetárias vitalícias. A curto prazo implementam medidas que desfavorecem a maioria dos cidadãos. Exemplos disso são as leis desadequadas, incompletas e carentes de efectiva prática, por falta de mecanismos e a par disso retiram-se direitos e regalias, que por afectarem um maior número de cidadãos, facilmente se obtêm grandes valores (€) para cobrir o défice, os buracos orçamentais, a dívida pública, de modo a (tão badalada) crise não afectar muito a minoria, os tais lobbys económicos, as elites partidárias, as financeiras, as laicas, as religiosas, etc.
''Curiosamente'', a par do aumento do número de automóveis comprados, casas luxuosas e viagens está o aumento de pedidos junto dos Centros de Emprego e do Banco Alimentar.
A repartição da riqueza natural e humana terá de ter um carácter de justiça social, mais equilibrado e sustentável de modo a alcançar-se uma sociedade mais justa socialmente e consequentemente mais solidária, para abandonar, assim, o perverso sistema capitalista de mercado, através do desenvolvimento do "capitalismo humano" de partilha com recurso à educação, cultura e lazer, através do seu investimento; depois de garantir o básico, segundo a pirâmide descrita por Maslow (*).
O uso do banco de horas, do micro-crédito, de energias renováveis, terapias alternativas de saúde física e psíquica, rejeitadas há 25 anos pelos políticos, são aproveitamentos que não colocam "pedras no sapato" da engrenagem económico-financeira para poder haver mudanças de fundo, pois são aglutinadas, mas serão um presságio do futuro económico?
E o que é que isto tem a ver com a economia local? Tudo ou quase tudo, porque é a economia que comanda e regula/desregula o nosso quotidiano, as nossas opções e posturas, e aí poderemos ter um papel mais activo, ou pró-activo.
Apesar da economia local depender da nacional e por sua vez da global, e dos seus condicionalismos, apesar das verbas do PIDDAC e do Fundo Municipal não aumentarem, é possível ao governo local (autarquias) aplicar mais medidas e investir mais nas áreas da política social, investir nas pequenas obras e nas actividades localizadas e direccionadas que dão qualidade de vida aos munícipes e como exemplo de caso, em Almada, através dos dividendos dos juros bancários, das receitas da Amarsul, da Ecalma, do DAGEF e dos SMAS.
(*)"Hierarquia das Necessidades" desenvolvida por Maslow, 1970, em que defende na base da pirâmide, de baixo para cima, a satisfação das necessidades fisiológicas, de segurança, de relacionamento, de estima e de realização pessoal
Vítor Hugo Nunes
Autarca Bloco de Esquerda na AF Feijó
Vítor Hugo Nunes
Autarca Bloco de Esquerda na AF Feijó
"A Natureza é o substrato do desenvolvimento e o meio em que se desenvolve a luta de classes. É também na relação com os recursos naturais que se trava uma disputa de interesses de classe antagónicos, na medida em que a utilização desses recursos é uma base fundamental da construção da sociedade humana.
ResponderEliminarA actual fase do capitalismo, de evidente aproximação dos seus limites históricos, tem agravado os impactos da exploração capitalista também no quadro da relação entre as sociedades e a Natureza. A apropriação da produção é acompanhada por uma apropriação directa dos recursos, mercantilizando mesmo os bens ambientais, o que bem demonstra o carácter predatório do sistema capitalista e a urgente necessidade de o ultrapassar, na medida em que a Natureza contém o conjunto de recursos finitos que são fundamentais para o desenvolvimento integrado da Humanidade. O seu esgotamento, ou destruição têm implicações directas sobretudo nas camadas trabalhadoras, tendo em conta a elitização galopante do acesso à qualidade de vida e ambiental. A luta dos trabalhadores é, por isso mesmo, também uma luta em defesa da preservação e da gestão racional dos recursos naturais, subordinando a sua gestão aos interesses comuns e não à acumulação de lucros."
V.P
V.P.:
ResponderEliminarPresumo que se trata de uma transcrição (pelas "). Não acha que devia ter identificado o autor dessas palavras?
Tem razão Minda,
ResponderEliminarE peço desculpa ,foi um lapso estava entusiasmado com o texto e com uma vontade enorme de o partilhar que não mencionei o responsável.
O autor é o Miguel Tiago
V.P
V.P.:
ResponderEliminarObrigada pela informação. Quanto ao texto: é bastante interessante e dá que pensar. Leva-nos a reflectir, seriamente, sobre o assunto (um novo ângulo da luta dos trabalhadores que não me tinha ocorrido, confesso).
Parabens a Vítor Hugo;
ResponderEliminarNão me parece que a CGTP defenda os recursos naturais para além dos aumentos salariais e pouco mais, mas sim emprego a todo o custo seja em minérios (esgotamento do solo, poluição), industria pesqueira (extermínio de espécies), armamento (assasínio e poluição) seja em horticultura (pesticidas), industria farmaceutica (abuso de animais), devia dar mais formação e informação aos trabalhadores, p.e. a central ñ sabia que a industria ñ especializada e as pescas cairiam por imposição da UE? sabiam, anteciparam? não lhes convinha. Os trabalhadores em geral anseiam o mesmo que o que os ricos/poderosos já têm (€, poder, ñ outra coisa, então ou são dirigidos/encarreirados ou dá-se-lhes ferramentas de autonomia! formação/educação/prevenção.
António Manuel
António Manuel:
ResponderEliminarAs suas palavras davam "pano para mangas" (aliás, para vários fatos novos)... por isso, apenas comento que: até concordo consigo nalguns aspectos, nomeadamente no que concerne ao papel dos sindicatos na formação dos trabalhadores e à visão estreita que adoptam na defesa dos seus direitos.